terça-feira, 15 de junho de 2010

Ausência (Carlos Drummond de Andrade)



Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.

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